Dá um play

16 junho, 2010

Música dos quilombos

E continuando a nossa viagem em busca de sons de diferentes regiões do Brasil, vamos falar de uma música oriunda lá das plantações de cana-de-açúcar em terras baianas. Lá de São Braz vem o Samba Chula, um grupo de poucos que canta as músicas que um dia foram de muitos. Membros de uma comunidade que um dia foi quilombo, João do Boi toca o que aprendeu com o pai, que por sua vez aprendeu com seu pai, que também aprendeu com seu pai e assim sucessivamente. Cultura oral sim, que infelizmente corre o risco de desaparecer. Vamos fazer aqui a nossa parte e contribuir para que mais e mais pessoas conheçam o som feito por brasileiros descendentes de quilombolas no interior da Bahia.

Confiram o perfil do Jão do Boi no Fairtilizer


25 maio, 2010

Amazonia's music

Nossa entrevista de hoje é com o pessoal da Ná Music, um selo  independente lançado em 1998, voltado para as sonoridades da Amazônia: carimbó, guitarrada, lambada, rock, tecnobrega, merengues e cúmbias. Não conhece esses termos ainda? Dá um play aí embaixo e aumenta o som, enquanto lê a nossa entrevista com a New Amazonia's Music, empresa do grupo Ná Figueiredo.


SF - Conte-nos um pouco sobre o nascimento da Ná Music.
A gravadora surgiu em 1998 quando Belém já contava com um público considerável que comparecia aos shows e cobrava por discos dos artistas locais. No mesmo ano foi criado o Projeto Ensaio Aberto, que nada mais é do que um teatro de bolso funcionando dentro da loja Ná Figueredo. A idéia inicial era abrir um espaço onde bandas e músicos de uma forma geral pudessem fazer apresentações. O Projeto, além de oferecer um serviço a mais para o público que freqüenta a loja, também fornece elementos de avaliação para um possível lançamento em CD através do selo.
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Por dentro da Ná Music - Além dos CDs prensados industrialmente através da Sonopress, a Ná Music também faz a duplicação em CDR das bandas que se apresentam no Projeto Ensaio Aberto. Este material pode ser uma gravação ao vivo no Ensaio Aberto, ou uma demo que a banda dispõe para a duplicação e distribuição.
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Entre os lançamentos em CDs duplicados destacam-se as bandas Suzana Flag com 1.500 Cds vendidos, e as bandas Madame Saatan com 1.300 e Coletivo Radio Cipó com 1000 Cds, que posteriormente também tiveram lançamentos em CDs industrial pela Ná Music.

SF - Como foi o desafio no início?
- A falta de conhecimento dos processos como estúdio, prensagem, direitos autorais, criação gráfica, distribuição e etc. era um grande entrave.
Conforme pudemos observamos durante anos de convivência com músicos, entre as principais dificuldades enfrentadas por estes estavam os custos de boa gravação, as possibilidades de prensagem ou duplicação do material gravado, produção gráfica de qualidade, divulgação e distribuição deste material. Com a criação do estúdio e o processo de duplicação, o Projeto Ensaio Aberto deu um passo enorme no sentido de superação destas dificuldades. Até agora já foram lançadas 180 títulos.

SF - Defina a Ná Music em uma frase
- A nossa missão é de fomentação, propagação e divulgação da música produzida na Amazônia.

SF - Você pode nos dizer qual o gênero musical predominante nessa região?
- Carimbó, guitarrada, lambada

SF - Existe uma música típica da região amazônica que não se encontra em outras partes do Brasil? Pode dar exemplos? O que caracteriza essa música em particular?
- Sim, o Carimbó, gênero de origem indígena mesclado com influências africanas, é uma música altamente percussiva e dançante

SF - Quantos artistas no catálogo?
- A Ná Music tem hoje um catálogo com 41 títulos prensados industrialmente e lançados.

SF - Quais são os gêneros e estilos priorizados?
- Carimbó, guitarrada, lambada, rock, tecnobrega.

SF - O que você gostaria que o resto do Brasil soubesse sobre a música amazônica?
"A Amazônia é um caldeirão de ritmos."

SF - Em qual (is) projeto (s) vocês estão trabalhando no momento?
- Gravação e lançamento de quatro coletâneas apresentando toda a variedade dos ritmos da região.

SF - O que as pessoas encontram no catálogo da Namusic?
- Muito Carimbó, guitarradas, lambadas, rocks, tecnobregas, merengues e cúmbias.

SF - Vocês priorizam o formato digital ou físico? Por quais razões?
- Por enquanto os dois formatos são importantes

SF - Na hora de promover os artistas, a Namusic vai de digital ou promoção tradicional?
- Como o digital ainda não é predominante no Brasil, lançamos mão dos dois formatos.

SF - Como vocês lidam com distribuição? Quais canais utilizam?
- Trabalhamos com a Tratore, um agregador e disribuidor.

SF - Poderia nos dizer qual a sua fonte de renda mais importante hoje?
- A Na Figueredo, empresa da qual a Na Music faz parte, tem outras atividades empresariais como lojas de roupa, e uma confecção.

SF - Você acha que gravadoras ainda são importantes em 2010? No que a Namusic difere do modelo tradicional e qual a sua proposta para o mercado?
- Entendemos que os negócios ou empreendimentos envolvendo o universo da música estão em um momento de transição, portanto ainda não é possível emitir conclusões finais.

SF - Como selos alternativos como a Namusic vêm o futuro das cópias físicas? Você acredita que haja espaço para os dois formatos coexistirem? Sabe dizer a percentagem do formato físico em relação ao digital nas vendas de vocês?
- O formato digital será totalmente dominante, mas assim como acontece com o vinil, o CD ainda será mantido por pequenas empresas ou prensadoras. Por enquanto o formato físico representa 70% das nossas vendas.

SF - Entrando um pouco na questão ecológica, vocês consideram importante a utilização do formato digital como forma de atenuar o impacto ambiental das cópias físicas? (número de árvores por CD fabricado e toda a cadeia relacionada)
- Estamos totalmente de acordo, quanto ao formato físico todos os nossos Cd vêem na embalagem formato digi Pack, uma alternativa para ajudar a diminuir a poluição causada pelos plásticos.

SF - A Internet mudou muita coisa na indústria da música e trouxe consigo a pirataria. A partir da sua experiência, quais os prós e os contras dessas mudanças?
"Os selos alternativos só tiveram ganhos com o evento da internet, inclusive a pirataria é um canal fantástico de difusão."
SF - Como a Internet e as novas mídias mudaram o seu jeito de trabalhar? De que maneira você usa as ferramentas da Web no seu dia a dia? E como você acha que tudo isso vai evoluir nos próximos anos?
- Entendemos a web como uma ferramenta de difusão, divulgação e comercialização.

SF - Existe algum serviço ou ferramenta voltado para gravadoras que vocês gostariam de ver disponível na web? Qual? 
- É importante que as gravadoras possam cuidar diretamente da distribuição e comercializção dos seus catálogos junto as empresas que comercializam música na internet, sem haver a dependência de distribuidores ou atravessadores, por exemplo, para vender o nosso catálogo para a Amazon.com dependemos de uma distribuidora.

SF - Pode nos dizer o seu modelo de negócios? Já é possível ganhar dinheiro fora do “mainstream”?
- Ainda não, precisamos de um catálogo maior ou mais conteúdo.

SF - Vocês acham que disponibilizar músicas gratuitamente (MP3 para baixar ou somente ouvir) ajuda o artista a vender mais cópias físicas ou até mesmo cópias digitais?
- Isto vale apenas para os artista que estão em começo de carreira, mas também não é nenhuma garantia, existem outros fatores envolvendo o planejamento de carreira que são cruciais para o sucesso.

SF - Quais são as ferramentas online que vocês mais usam?
- Estamos reestruturando o nosso site e capacitando um assessoria para trabalhar no direcionamento das carreiras dos nossos artistas e reestruturação da nossa gravadora.

SF - Você pode recomendar um website, um blog, um serviço ou algo que a Ná Music julgue interessante para os leitores? 
-Serviços como o Fairtilizer, Last Fm, Reverbnation entre outros são vitais para a construção de um novo formato de consumo de música.

Perfil no Fairtilizer
Website
Playlist

03 maio, 2010

Venderam o SESC

Vocês se lembram do artista plástico Alexandre Orion? Aquele que colocou o Sesc Santos "à venda" um tempo atrás? Pois é, a instalação dele na fachada do prédio do Sesc além de ser provocativa, suscitou muitas reações das pessoas na época que, inconformadas com uma possível venda do clube, ligavam para os telefones que constavam nas placas de "venda" e deixavam mensagens. Detalhe: todos os números caíam numa mesma caixa postal.
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Vocês podem conferir a reação das pessoas no player abaixo. Esperamos em breve publicar uma entrevista com ele aqui no blog. Lembrando que o evento da "venda" do Sesc tratava-se de uma intervenção artística, parte da exposição “Permanente Transitório: O Espaço Expandido”. Um exemplo bastante criativo de como um artista pode utilizar o áudio na era das mídias sociais e da tecnologia.
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Boa escuta pra vocês!